terça-feira, novembro 30, 2004

Lisboa

Nada sabes de mim
e, no entanto, eu amo-te,
pássaro inquieto e frágil que descansas
na pequena janela do meu tédio.

Nada sabes de mim
e, no entanto, eu amo-te.

Podia debruçar-me
e súbito falar-te,
mas ignoro as palavras necessárias.
Estou aqui de passagem
e não trago
outra bagagem que não seja o espanto
incrédulo de amar-te.

Admito que é possível esquecer-te,
quando do rio soltarem as gaivotas
o seu piar comum ao fim da tarde.
Mas eu estarei então demasiado longe
e apenas rodeado da lembrança,
sob águas profundíssimas e quietas.

("Lucro Lírico", 1973)

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A única coisa que posso dizer é que gostei muito. Obrigado!

1:54 da tarde  
Blogger Vento said...

é verdade
as palavras por vezes falham, para dizer de como, as do Torquato dizem da sua essência bonita e doce.
lembro sempre este Amigo que nunca tive oportunidade de conhecer pessoalmente.
e há pessoas assim, que quando as lemos é como se as conhecesse-mos desde sempre
deixou-nos um legado lindo, para que não sintamos nunca a sua falta
obrigada por estar sempre presente no meu canto!

12:08 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home