domingo, dezembro 12, 2004

A casa iluminada

Houve um tempo em que nada estava certo:
a noite não era um rio
com a foz na madrugada.
Mas tu chegaste e o longe fez-se perto:
a labareda de frio
deixou-me a casa iluminada.

Houve um tempo em que tudo estava certo:
a noite era como um rio
com a foz na madrugada.
Mas tu partiste e, rápido, o deserto
engendrou o desafio
da nossa casa queimada.

Há, porém, ventos e navios
e há, nas amuradas,
suspensa a esperança de outros rios
e outras madrugadas.

É que todos os estios
são primaveras adiadas.

("Destino do Mar", 1991)

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Belíssimo, Torquato.

11:26 da manhã  

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