sexta-feira, dezembro 03, 2004

Um muro

Um muro e outro muro,
só a palavra, alada, os esvoaça,
ave nocturna que defronta o escuro
e deixa o dia onde passa.


Mas onde achá-la? Em que praia
desvendar os mistérios do seu corpo?
Onde encontrar quem saiba
das paisagens que há dentro do seu rosto?

Em todos os silêncios há a bruma
da memória gelada que os procura:
restos de coisa nenhuma,
morrendo aos poucos de lonjura.

("Lucro Lírico", 1973)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Obrigado, gostei muito e quero mais!

M.C.

10:07 da tarde  

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