segunda-feira, março 17, 2008

O rapaz da concertina
















Foto TL
Tiraram-no da escola e largaram-no na Baixa
com uma concertina, um cão e uma caixa,
ordenando-lhe só que se fizesse à vida.
Agora chega de manhã à Rua Augusta
e, sentado no chão, mostra que não lhe custa
nada tocar o dia inteiro e de seguida.

Turistas e passantes, contemplando a cena,
acham-lhe graça e às vezes lançam uma pequena
moeda à caixa, fazem fotos e lá vão.
E ele, que sempre fica, ignora que mais cedo
do que imagina hão-de chegar a noite e o medo
com que a pobreza usa vestir a solidão.

9 Comments:

Blogger Joana Roque Lino said...

Preciso do silêncio por uns tempos, mas continuo a ser visita desta casa. Um grande beijinho.

2:56 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Continuarei também a visitar o "8ª Edição", na esperança de que a Joana quebre o silêncio. Outro beijinho.

4:12 da tarde  
Blogger Mar Arável said...

belo porque é água

que chove

simples

natural

como se escreve aqui

Apareça no meu mar

12:18 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Obrigado, Filipe. É meu hábito passar por lá...

9:47 da manhã  
Blogger Jo said...

olhar triste e belo ao mesmo tempo. percebe-se porque o tocou a ponto de inspirar (mais) um belo poema.

beijo*

4:20 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Outro beijo*, cara "inconfidente".

5:32 da tarde  
Blogger Huckleberry Friend said...

Bonito poema. E triste, que é como fico quando passo por este miúdo que me habituei a ver crescer. Lembro-me dele muito pequeno, sempre com o mesmo ar de quem não se queixa da vida que tem, do muito que a sorte lhe roubou. O que fará quando não está na Rua Augusta? Que amores, que histórias, que alegrias?, pergunto-me...

1:53 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

São perguntas que também me faço, caro Friend.

2:06 da tarde  
Blogger O Galaico said...

Não é uma concertina mas sim um acordeão.

9:24 da tarde  

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