domingo, maio 31, 2009

Terreiro do Paço*

Terreiro do Paço / Foto TL, 2009

Porque sou desde há muito de Lisboa
(umas vezes Cesário, outras Pessoa)
e é com ela que à noite me deito,
não posso conformar-me nem aceito
que certa gente
se obstine em desfeá-la e, não contente,
se gabe disso, como se a cidade
fosse um capricho da sua vontade.

Lisboa, mais que pedra, é sentimento
e é emoção, mais que lugar.
Causa por que nos cumpre revoltar,
há-de ser sempre pouco o empenhamento
que pusermos em a preservar.

*Se ama Lisboa, não deixe de assinar (eu já o fiz) a petição
por debate sobre o Terreiro do Paço:

http://www.gopetition.com/online/28118.html

7 Comments:

Blogger jrd said...

Dói-me a cidade que trago nos genes e é por isso que não deixarei de lutar por ela.
Lindo, o poema.
Abraço

10:24 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Retribuo o abraço, caro JRD.

9:48 da manhã  
Blogger AGRIDOCE said...

Vejo pela TV nacional, leio pelos jornais informáticos, ouço pela rádio que alcanço, desta Bruxelas central e longínqua, o sistemático retinar a sinos de chamada, sempre que algo de novo se pretende fazer.

Neste caso do Terreiro do Pó, desculpem, do Paço ou do Comércio, mas de muitos outros. De quase todos os que dão para badalar, se é que algum não badala.

Fico indeciso.

Não pela opinião que tenho sobre se poderia haver algo de melhor para a ideia, como projecto (não fujo à regra e, como bom português, também sou um bom treinador de bancada), mas pelo que hei-de continuar a pensar do Ser Português. Desta interminável teimosia em se meter em procedimentos que levam à decisão aparentemente formada pouco democraticamente sobre o projecto A ou B, desta eterna chama de preferir manter-se no indeciso, de deixar passar tudo e o tempo, acima de tudo, e os recursos e oportunidades financeiras, também, desta atracção pelo abismo de manter a discussão, porque a não houve, ou se se ouviu alguém, não se tomou a decisão que alguém queria!!!???

UFFFA! Cansa-me.

Para quando se clarificam, de uma vez por todas, as etapas que hão-de levar a uma decisão democrática, tempestiva e económica que após tomada... foice, corta-se o fio à discussão e metem-se os ombros à obra??!!

Que se parem de cometer erros eternos no desenho dos pergaminhos, e se passem a permitir que os erros se desenvolvam no trabalho diário da (re)construção?

E deles se aprenda para o projecto seguinte, a levantar e a dar trabalho a uns quantos que por ele esperam?

Que se criem filtros efectivos e duradouros, a quem e contra quem tenda a erigir algo para que escorregue algum cimento para bolso próprio?

E venha de lá uma Praça, com terreiro, mas pouco pó, que não agradando a gregos e troianos (coisa impossível), possa diginificar a nossa Baixa, alma da nossa cidade.

Ai que baixa ela anda!! A nossa alma lusitana.

10:32 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

A petição é mesmo para um debate sobre o futuro do Terreiro do Paço.
Debate, repito. Coisa que não precedeu a aprovação do projecto, elaborado sem concurso público.

9:06 da manhã  
Blogger AGRIDOCE said...

TORCATO DA LUZ,

Eu percebi e espero que tenha percebido que não estou contra a petição, em si própria considerada como meio de abrir ou desenvolver o debate, mas estou contra a necessidade de ter sempre que haver movimentos cívicos, sempre e só depois de aparentes decisões, para que o debate se abra na amplitude que merece.

No fundo, contra a formação de decisões de interesse nacional ou localmente alargado sem que se siga um processo de debate, de facto. Ou da necessidade de se criarem regras que a isso obriguem, sem qualquer ambiguidade.

O aeroporto é um muda que não muda não se sabe se, nem para onde; o TGV é um que sim, que não, que talvez, mas não se sabe bem por, nem para onde; a CRIL, é à superfície, não é, é, é por aqui, é por ali, tudo decisões depois de já estar decidido; é a Praça do Comércio, que sim, que até houve um grupo a trabalhar na ideia, mas que parece que apenas "pariu" uma coisa fundida; etc. Alguns projectos, segundo se tem vindo a saber, já são ideias de realizações necessárias que se preparam há décadas, mas nunca passam disso, ou por isto, ou por aquilo. E o tempo que passa, ninguém o conseguirá agarrar.

Somos conhecidos por estas bandas como os europeus mais inteligentes, por só tomarmos decisões quando o projecto está perfeito. Isto é, nunca. Ou tão tarde que já está ultrapassado nos pressupostos.

Por aqui, há publicidade de abertura de debate. Do que eu depreendo e me apercebo, admitindo que possa estar enganado, debate-se enquanto se tem que debater, em universo bastante alargado a quem se quer envolver e tenha legitimidade para isso. Atingida a ideia de projecto que se quer, avança-se e, depois de aprovado, é prá frente é que é o caminho.
Podia ter sido melhor? Paciência. Foi o que quem esteve envolvido conseguiu.

Que a petição sobre o Terreiro produza frutos maduros e prontos a comer, rapidamente.

7:20 da tarde  
Blogger AGRIDOCE said...

Em tempo: não me referi ao texto poético porque, como sempre, consegue talhar o conteúdo de uma forma que as palavras fluem como só um artista sabe pintar quadros. Uma maravilha. E os meus parabéns por essa forma de exposição do seu sentir.

7:24 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Caro Agridoce,
Concordo consigo em muito do que diz, é claro.
A petição, como sabe, não é iniciativa minha, mas subscrevo-a porque me choca a solução prevista para o Terreiro do Paço e a forma como se chegou a ela.
Obrigado pelas suas palavras amigas.

8:30 da tarde  

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