domingo, setembro 09, 2012

Direi flor

Rua do Jasmim
Direi flor, floresta, planta,
direi mar de quem comigo
sente prender-lhe a garganta
o nó daquilo que eu digo.

Direi jardim, pátio, poço,
direi cisterna de quem
me estende o peito, o pescoço,
para que os diga também.

De ti direi
chaminé do navio do meu corpo,
ave marinha que sei
saudosa de algum porto
que jamais atingirei.

Direi secura, se curo
da sede que sob a pele
me segue o sangue inseguro
quando me debruço dele.

Direi casa, quadra, canto,
direi cilada, cidade:
palavras feitas do espanto
da própria incomodidade.

6 Comments:

Blogger jrd said...

E pela maneira como o dizes, que bela flor que deves ter Poeta.

Abraço

11:33 da tarde  
Blogger Torquato da Luz said...

Aquele abraço também, amigo João!

9:21 da manhã  
Blogger espinhos e outras flores said...

Muito bonito!

11:42 da tarde  
Blogger Olinda Melo said...


Que belo ofício este que faz em cada verso um espiral de palavras que tocam o céu!

'De ti direi
chaminé do navio do meu corpo,
ave marinha que sei
saudosa de algum porto
que jamais atingirei.'

Destaco estes versos, mas poderia fazê-lo em relação a todos os outros...

:)

Abraço

Olinda

1:09 da manhã  
Blogger Vento said...

direi cheiro de jasmim

poema lindo, Torquato.
abraço.

7:51 da manhã  
Blogger Torquato da Luz said...

Obrigado, caras Maria, Olinda e "Vento"!

10:09 da manhã  

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